quarta-feira, 27 de outubro de 2010

# diário de um quase amor 07


Em um mundo coberto de erros,eu cometi os meus e você,os seus.
Eu te achava um pouco esquesito e você me achava bobinha demais.Nós não tínhamos nada em comum,eu não entendia o que você falava e você não entendia o que eu escrevia.Uma oposição que por acaso dava certo.
Eu não suportava suas manias,seus vícios e seus defeitos.Parecia programado para me machucar.Você gostava das minhas qualidades,mas não sabia como torná-las suas sem que isso atropelasse seu ego.Por outro lado,alguma coisa nos prendia: as promessas e as borboletas no estômago.
Você dizia que odiava me amar,eu odiava apenas a distância,que diminuía cada vez que eu olhava para a Lua,era simples,simbólico,mas era nosso.Nós brigávamos,nos feríamos até faltar o ar,e quando faltavam as palavras,protestávamos com música tudo aquilo que gostaríamos de desvendar.Enfim o nosso silêncio.
Eu contava os dias,as horas e a nossa história.Você contava os meus defeitos,cada erro que eu cometia e as meninas da semana passada.
As promessas deixaram de existir,a Lua já havia se recolhido e a nossa vontade de continuar um pelo outro foi levada pelo vento.Mas o tempo traz todas as lembranças que deixamos para trás.
Você me faz rir daquilo que nos fez chorar,você ri da minha inocência e eu da sua cara de pau.Você está aqui para me fazer rir,é isso.Depois insiste em saber se eu ainda te amo.Eu nego,eu não te amo,eu não amo ninguém,você ri disso também,aproveita para fazer uma piada e outra.Você precisa de mim e odeia o fato de eu ser o oposto do que você planejava.Eu não preciso mais de você,mas odeio o fato de ter que suportar você de longe.Não é que me ame,não é que eu te ame,mas sem querer estamos aqui de novo,um pelo outro,sem amor,sem promessas,sem rancor,afinal,o que temos então?
Paramos por um segundo e cá estamos nós,sobre as mesmas teclas,as mesmas telas,as mesmas fotos e as mesmas borboletas no estômago.
Todo mundo tem uma borboleta em segredo.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

# diário de um quase amor 06


Buscando fotos,palavras e um pouco de ar,tento acalmar a insônia de minha alma.Esta inquietação apavorante que corrói cada um dos meus sentidos,cega também as lágrimas lacradas em algum canto que restou deste órgão quase inválido,que segue em descompasso,perdendo o ritmo através de suas canções.O arrependimento é quase palpável e a partir do quase,se constrói uma vida.
Certos detalhes que talvez,a vida não ousaria repetir.Tudo o que parece impecavelmente perfeito,causa a impecável destruição.Cada segundo é uma história,só depende do que você vai fazer com ela.
Na minha prateleira,deixei filmes,livros e sonhos também,alguns antigos,um tanto empoeirados,uma enciclopédia de corações esquecidos pelo tempo,exceto um deles,que inexplicavelmente jamais fora abalado pelo tempo e mesmo que eu tentasse destruí-lo,suas palavras não me abandonariam.Possuir lembranças é muito mais que possuir palavras e possuir história é o mesmo que sentir a posse de sua alma.
O amor não é algo que você possui,é só um lugar para morar e eu te deixei entrar.